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Novas notas de real terão tamanhos diferentes


 


Novas notas de real terão tamanhos diferentes

Ideia utilizada na Europa visa diminuir o índice de falsificação

DA Agência Estado
Divulgação
As novas cédulas de real, com tamanhos diferenciados de acordo com o valor
A nova família do real, anunciada nesta quarta-feira (3) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pelo presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, terá cédulas de tamanhos diferentes, conforme o valor de face da nota. O objetivo é reduzir o risco de falsificação, nos casos em que cédulas de menor valor são "lavadas" em processos químicos e reimpressas com valor maior.

Essa característica já é usada na Europa, onde a
cédula do euro tem tamanho crescente, conforme o valor. No Brasil, essa característica será igual, com cédulasfamília do real, no entanto, manterá as cores e os temas das notas atuais. maiores para valores maiores. A nova
Também serão mantidos os animais impressos no verso, como a onça pintada na notanotas terão novas características de segurança e continuarão com elementos para identificação de deficientes visuais.
de R$ 50 e a garoupa na cédula de R$ 100. As

Quanto maior o valor da nota, maior será o papel. A de R$ 10 será do tamanho atual, de 13,5 centímetros por 6,5 centímetros. Notas menores serão um pouco mais estreitas, com 12,1 centímetros na de R$ 2 e 12,8 centímetros na de R$ 5. Nos dois casos, a altura da cédula será a atual.

A cédula de R$ 20 será um pouco maior que as atuais, com 14,2 centímetros de largura e os mesmos 6,5 centímetros de altura. As demais serão maiores na largura e também na altura: a nota de R$ 50 terá 14,9 centímetros por 7 centímetros e os R$ 100 serão impressos em 15,6 centímetros por 7 centímetros.


Por serem de tamanhos diferentes e com diversos novos elementos de segurança, a impressão dessas cédulas custa, na média, 28% mais que o valor atual. Segundo o chefe do Departamento de Meio Circulante do BC, João Sidney de Figueiredo, o BC paga R$ 168 para imprimir mil notas atuais. Agora, passará a pagar cerca de R$ 200 para imprimir o mesmo número de cédulas da nova família.


Ele acredita, porém, que o custo maior será compensado com o tempo, já que as cédulas novas terão uma vida útil 30% maior, segundo previsão do BC. O maior tempo de vida será resultado de um processo de "envernizamento" das cédulas que será feito após a impressão. Atualmente, notas de maior valor - R$ 20, R$ 50 e R$ 100 - circulam entre 2,5 anos e 3 anos. As de menor valor - de R$ 2 e R$ 5 - têm vida de até 1 ano, geralmente.

Novas notas devem circular a partir de abril e maio
A nova família de cédulas do real deve chegar às mãos dos brasileiros a partir de abril e maio. A estreia da nova família será com as notas de R$ 50 e R$ 100, cédulas que concentram cerca de 95% das falsificações do dinheiro brasileiro. A troca será feita gradualmente, conforme as notas velhas fiquem desgastadas e saiam de circulação. No primeiro semestre de 2011, começam a circular as novas notas de R$ 20 e R$ 10. Em dois anos, todas as notas terão suas novas versões na rua. A expectativa é de que 100% do dinheiro em circulação já seja da nova família em 2013 ou 2014.

Exportação
O diretor de Administração do Banco Central, Anthero Meirelles, disse nesta quarta-feira (3) que com a renovação do maquinário da Casa da Moeda, a empresa voltará a ser competitiva para produzir cédulas e moedas para outros países. Segundo ele, existe demanda para que a estatal brasileira exporte dinheiro, o que a Casa da Moeda não faz desde a segunda metade dos anos 80. "Com esses equipamentos, a Casa da Moeda pode imprimir moedas de qualquer País", disse Anthero.


O presidente da estatal, Luís Felipe Denucci, disse que a prioridade é conquistar mercados na América Latina, especialmente nos países do Mercosul que não têm casas da moeda próprias. Depois da América Latina, o foco será a África Subsaariana, com prioridade para países de língua portuguesa. No ano passado, a empresa lucrou R$ 330 milhões, segundo Denucci, e para 2010, embora evite fazer projeções, o executivo avalia que um resultado em torno de R$ 400 milhões já será bom.

 
fonte:
revistapegn





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"O macho majestoso"

O macho majestoso




"  O Último Tango em Paris"  mostra os estertores de uma besta anacrônica e poderosa
Ivan Martins


Arquivo Época
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA
Vi no domingo, pela terceira ou quarta vez, O Último Tango em Paris, filme de Bernardo Bertolucci que ficou famoso no início dos anos 70 pelas cenas de sexo entre Marlon Brando e Maria Schneider.

Todo mundo já ouviu falar do momento em que o personagem de Brando lubrifica a amante com manteiga e a força a fazer sexo anal no chão do apartamento. Tornou-se um clássico do cinema.


Maria Schneider contou mais tarde que a cena não estava no roteiro original, que foi uma ideia de última hora de Brando não de Bertolucci – e que ele a convenceu a participar da encenação alegando que “era apenas um filme”.


Ela tinha 20 anos, fazia seu primeiro trabalho no cinema e sua imagem nunca mais deixou de estar associada à cena da manteiga.


Para Brando, que já era um astro aos 48 anos, o custo do escândalo foi zero. Apenas confirmou sua fama de rebelde.

Para Schneider o custo foi alto. Antes que a década de 1970 terminasse, ela seria internada em clínicas psiquiátricas, teria problemas com drogas e tentaria se matar. Era famosa, parecia ter talento, mas sua carreira artística não avançou.

É possível ler essa história de várias formas, mas uma delas é simples: diante da mesma ousadia, homens e mulheres são julgados de formas totalmente diferentes. As mulheres, com mais severidade.


Feito esse comentário lateral, eu gostaria de falar do próprio filme.
O Último Tango é talvez um dos filmes mais masculinos que já foram feitos. Seu personagem principal é um herói romântico às antigas: solitário, viril, autodestrutivo e furiosamente independente.

Mesmo perdido, mesmo destroçado pelo suicídio de sua mulher, ele ainda é capaz de seduzir a jovem de quem se aproxima – e a quem oferece pouco mais do que a sua força, seu sarcasmo e o seu desespero na forma de desejo.


É improvável que nos tempos atuais qualquer cineasta tivesse coragem de colocar na tela um homem tão confiante em si mesmo, um sujeito tão ostensivamente desdenhoso da boa conduta, um macho agressivo e misógino capaz de generalizar sobre as mulheres: “Elas fingem saber quem eu sou e querem que eu finja que não sei quem elas são”. Ninguém mais diz essas coisas no cinema, exceto os sociopatas.



Mas Paul não é o bandido do filme, ele é o herói. Um ex-revolucionário, ex-lutador de boxe, ex-músico, ao final rufião e vagabundo para quem a jovem amante é apenas um objeto de poder, uma gostosinha infantilizada sobre a qual pode exercer sem limites sua dor e sua raiva.
Ao mesmo tempo, paradoxalmente, é o homem sensível que chora em silêncio, o viúvo que conversa placidamente com o amante da mulher morta, o violador que exige que a sua vítima também o viole, com os dedos.

O Paul criado por Marlon Brando (ou melhor, extraído dele a fórceps por um Bertolucci manipulativo e cruel, segundo contam) é um homem complexo, mas inteiro. Ele conhece o seu papel no mundo. Ele exige o seu lugar aos berros, ele procura o seu desejo na marra, certo ou errado, até o triste fim. É um macho às antigas.


Seu contraponto é o jovem namorado da heroína, Tom, traído durante todo o filme: um rapaz feliz, impetuoso, cheio de sonhos artísticos. Ele não enxerga a complexidade da mulher que tem ao lado, não percebe as suas profundidades e as suas sombras, suas inconfessáveis necessidades. Percebe apenas um personagem que ela representa, enquanto Paul descobre nela outra mulher. Tom representa o homem moderno, burguês e convencional, na sua visão idealizada e respeitosa das mulheres.


Ao final, esse homem domesticado e doce prevalece. O macho antigo – embora sedutor, embora majestoso na sua integridadeé incapaz de viver na normalidade contemporânea. Ele não cabe fora da alcova. É autodestrutivo e perigoso. É um marginal. A violência dele, que de início incendeia a paixão, ao final assusta a jovem amante de maneira mortal.


Será que Bertolucci nos dizia, já em 1972, que não havia mais lugar no mundo para esse tipo de macho não domesticado?


Eu não sei. Sei que
O Último Tango em Paris é um filme perturbador. A primeira vez que o vi eu tinha 13 anos e só percebi a nudez cheia de pelos de Scheneider e a intensidade das cenas de sexo. O resto do filme era virtualmente incompreensível. E irrelevante.

Hoje, passados quase 40 anos, o sexo do filme nem ensina e nem escandaliza. O que me comove é ver Brando interpretando um homem sem amarras, um tipo visceral dançando cheio de empáfia e melancolia à beira de um abismo.


Acho que há um pouco desse homem em cada um de nós. E que há também um pouco de nostalgia dele. Modernos, civilizados, racionais que somos, uma parte de nós reclama o direito de ser a besta poderosa que não teme as mulheres e nem se preocupa com as mulheres. Embora, contraditoriamente, sofra e morra por elas.  

(Ivan Martins escreve às quartas-feiras.)

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fonte:
http://revistaepoca.globo.com/







http://moneyitsgood.blogspot.com

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